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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Educação tem jeito quando tem gente




Fim de ano, balanços são inevitáveis tanto para quem perde quanto para quem ganha. Neste último artigo da OFF – antes de merecidas férias minhas e do leitor – convidei para um bate papo a professora Luciana Vicente que dirige a Diretoria Regional Pedagógica do Noroeste Fluminense com sede em Itaperuna. O órgão é o braço da secretaria estadual de educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) nas escolas dos 12 municípios do entorno. Essa entrevista tem o propósito de levar até nosso leitor a compreensão sobre uma silenciosa e rápida revolução que está acontecendo na Educação desde que assumiu a secretaria de estado o senhor Wilson Risolia em 2010.
 
(Zeluiz) Professora Luciana, como você chegou à direção pedagógica da regional que até há pouco tempo era um cargo preenchido por indicação política?
(Luciana) Por meio de um processo seletivo composto de quatro etapas: prova objetiva de conhecimentos específicos, análise de currículo e experiência profissional, avaliação de perfil e curso de formação. Consegui me classificar em primeiro lugar da região, o que meu garantiu a vaga.
(Zeluiz) Aproveitando para fazer balanço, em que aspectos melhoraram as escolas da rede estadual e, especificamente, as da nossa região?
(Luciana) Penso que o planejamento estratégico iniciado pelo secretário Risolia em 2011 trouxe inúmeras melhorias não só para as escolas, mas principalmente para a carreira docente. Nossa região sempre apresentou bons resultados, mas de lá para cá, ganhou destaque na mídia através do trabalho desenvolvido em algumas escolas, como, por exemplo, a classificação de uma delas entre as 6 finalistas do Prêmio Gestão Escolar 2012 e projetos divulgados em telejornais. Também somos a regional com o melhor IDERJ de ensino médio do ano de 2011 e os melhores resultados tanto nas avaliações diagnósticas quanto externas realizadas até então. Acredito que estas melhorias nas escolas sejam devidas, entre outros fatores, à metodologia de Gestão Integrada da Escola (GIDE) que foi implementada em toda a rede estadual, exigindo mudanças significativas na gestão e estreitando as relações com as questões ligadas à aprendizagem dos alunos. O fato também das escolas receberem metas a serem cumpridas fez com que revissem sua prática e modificassem alguns hábitos e costumes que impediam uma análise mais significativa dos resultados e dos processos para melhorá-los.
(Zeluiz) Como um leigo, uma pessoa comum, um pai de aluno percebe que a escola pública está ficando melhor?
(Luciana) O IDEB é um indicador nacional criado para medir a qualidade das escolas e das redes de ensino. Funciona como prestação de contas à sociedade e fomenta o debate público sobre os desafios da educação no país. Para que pais e responsáveis acompanhem o desempenho da escola de seus filhos, basta verificar o Ideb da instituição, que é apresentado numa escala de zero a dez. A maior parte das escolas estaduais de nossa região apresentou resultados melhores no último Ideb, o que, por si só, já sinaliza que nossa escola pública vem melhorando. Além disto, outras mudanças referentes à própria rotina escolar são indicadores desta melhoria e acredito que os pais estejam percebendo esta mudança no contato que estabelecem com as escolas de seus filhos.
(Zeluiz) Professora, e o salário dos professores? Eles estão conseguindo fazer uma escola de mais qualidade e equidade ganhando um salário como o do “professor Raimundo” que emplacou esse emblema do baixo salário no imaginário popular?
(Luciana) Sim, Zé! Nossos professores conseguem fazer uma escola melhor apesar de ainda não receberem o salário desejado. Mas não podemos negar o quanto a gestão do atual secretário Sr. Wilson Risolia vem investindo na valorização dos profissionais da educação. Teremos novidades para 2013 com a implantação do Programa de Certificação recentemente anunciado pela Secretaria, que buscará atrair, reter e valorizar os professores através de seu constante aprimoramento agregado à melhoria salarial.
(Zeluiz) Luciana, dá para perceber que os grandes desafios superados até agora são mormente afetos à pedagogia. Gostaria que você sintetizasse para nosso leitor quais foram as  principais mudanças, nessa dimensão, responsáveis pela melhoria.
(Luciana) As principais mudanças que tivemos foram: a implantação da metodologia de gestão para resultados, a criação de um Currículo Mínimo Estadual, que garantiu uma expectativa comum sobre o que deve ser ensinado e aprendido a cada ano de ensino; a Meritocracia como valorização do bom profissional, além de compreender também a valorização da equipe escolar que apresenta melhores resultados em relação às metas estabelecidas para o ano letivo e para cada unidade escolar; e finalmente, a avaliação diagnóstica aplicada bimestralmente aos alunos de determinados anos de escolaridade, conhecida como SAERJINHO – oportunidade de detectar de maneira ágil e fiel as dificuldades de aprendizagem e ajustar as práticas docentes à realidade dos estudantes, além de motivar políticas de melhoria da qualidade da educação básica.
(Zeluiz) Estamos muito próximos do prazo final (2016) para que as prefeituras assumam todo o ensino fundamental. Claro que, em razão disso, haverá um impacto na qualidade do ensino médio. Em sua opinião, como os prefeitos e as secretarias municipais de educação devem se preparar para também oferecerem uma educação com, no mínimo, os mesmos resultados da rede estadual?
(Luciana) Penso que duas condições sejam determinantes para o sucesso de qualquer rede de ensino: primeiro, conhecê-la e depois traçar um plano de ação com foco nas dificuldades que precisam ser superadas. Para isto, o modelo de avaliação diagnóstica e de currículo mínimo adotados pela rede estadual de educação podem ser exemplos de ações que ajudariam e muito nesta busca pela qualidade.
(Zeluiz) Recentemente aconteceu uma Missão da SEEDUC à China e à Coreia do Sul. De nossa região, quem esteve por lá e como essas visitas ajudam a melhorar a educação que fazemos aqui?
(Luciana) Nossa região foi representada por mim, enquanto Diretora Regional Pedagógica, pelo diretor adjunto do Colégio Estadual Chequer Jorge, Alexandro Cunha Silva e pela professora de Língua Portuguesa do Colégio Estadual Barão de Teffé, professora Ana Isabel Ferreira de Magalhães. Tivemos o privilégio de participar da comitiva da Secretaria de Educação nesta missão que teve como foco conhecer as principais políticas educacionais dos dois países.
O legado que trazemos desta maravilhosa experiência, é que não é preciso fazer “milagres” para que um país se torne uma potência mundial. Tudo o que vimos, tanto na Coréia do Sul como na China, foram países que conferiram total prioridade à educação de seus cidadãos e organizaram seus sistemas educacionais baseados no mérito. Não vimos nenhum tipo de aparato tecnológico e nenhuma infraestrutura que seja totalmente nova para o Brasil. O que faz a diferença naqueles países pode ser resumido em poucas palavras que se cobrem de significado: respeito, ordem, patriotismo, civismo, participação da família, alunos dedicados e professores preparados. No que se refere ao Rio de Janeiro, voltamos felizes por constatar que estamos no caminho certo. Vimos, na prática, que o planejamento estratégico iniciado em 2011 está de acordo com as melhores práticas desenvolvidas nos países que hoje se destacam mundialmente no cenário educacional.
(Zeluiz) Para finalizar, professora, peço que fale do papel dos pais na escolarização dos filhos. Como os pais podem e devem colaborar para a melhoria do desempenho dos alunos?!
(Luciana) O envolvimento dos pais com o estudo dos filhos, segundo as pesquisas, faz uma diferença enorme em suas chances de sucesso. Penso que os pais devem ser os maiores estimuladores de seus filhos na busca do conhecimento permanente. Nesta busca, uma parceria estreita entre família e escola é determinante para o sucesso da aprendizagem de nossos alunos.

A professora Luciana Vicente é uma gestora animada pelo espírito da reforma por que passa a educação da rede estadual. Para o Ministério da Educação, através dos números fundamentais de avaliação levantados pelo Inep, a qualidade da educação pode ser medida, por exemplo pelos resultados das taxas de aprovação, abandono e repetência que melhoraram no estado do Rio de 2009 para 2011. Além disso, o estado passou da 26ª para a 15ª posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e trabalha para chegar a 2014 entre os cinco melhores estados brasileiros. Claro que fazer balanço quando se está ganhando é muito mais fácil e prazeroso. A gente espera, de verdade, que o exemplo do estado contagie os municípios e garanta que também o ensino fundamental apresente melhores resultados; e então possamos falar que, nesse, país a educação tem jeito.

Publicado na Estilo OFF - dezembro/2012.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns a essa diretora que certamente não mede esforços para realizar um ótimo trabalho.
Um exemplo a ser seguido...

Valeria Ferrari disse...

Parabéns querida Luciana, você é sempre será um modelo de educadora, servidora pública e de cidadã acima de tudo comprometida com as mudanças que a nossa sociedade necessita e que acreditamos vem pela edcação.
Bjs. Valeria Ferrari