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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A lógica do jogo político-eleitoral




A essa altura, nossa cidade já tem um novo prefeito eleito no dia 7 para começar em janeiro a gerir os destinos do município. Uma “nova” câmara também. Não tendo bola de cristal, só posso conjecturar.
Desde que me lembro, esta eleição é bem diferente das outras. Não me recordo de uma polarização entre três candidatos ao executivo – pelo menos é o que se vê neste dia 25 de setembro quando estou aqui escrevendo pro futuro. Claro que, se minha análise não se confirmar, posso alegar que os eleitores, em cima da hora, trocaram seu candidato com menos chance e votaram em um segundo contra o terceiro pelo qual nutrem alguma antipatia. Olhando assim, para o grosso de nossa população, a forma como se escolhe um prefeito não é muito diferente da torcida que se faz num campeonato de futebol. À exceção, claro, que time de futebol não se troca de última hora nem de hora alguma, porque isso é uma paixão.
Pois é, este é o ponto: muito eleitor põe o coração na ponta do dedão indicador. São votos cristalizados que nenhum debate ou qualquer fato novo muda. O voto convicto, às vezes, pode ser confundido com o de cabresto. Há ainda o voto declarado e barulhento – e são muitos – daqueles que estão “trabalhando” numa determinada campanha, e que, invariavelmente, não muda. E há o voto secreto – algumas vezes escondido – exercido ainda pela maioria. É esse que mais interessa às pesquisas. Houve uma eleição em Brasília – não me recordo exatamente o ano – na qual os eleitores resolveram mentir aos pesquisadores, mas isso foi um fenômeno, e nunca se repetiu. De qualquer forma, não tive acesso até agora aos números de nenhuma pesquisa oficial ou oficiosa. Aliás, esse é um indicativo de que ninguém anda cantando de galo no terreiro eleitoral de Itaperuna. Ou está guardando o canto na garganta. É fácil entender que alguém, ao financiar uma pesquisa honesta, só a divulga se seu interesse estiver garantido – isso é tão certo quanto 2  2 são 4.
Então vou me arriscar na análise conjuntural combinada com as probabilidades do evento no campo amostral. Primeiro um brevíssimo relato sobre os candidatos e seus registros eleitorais que podem ser confirmados no sítio http://www.tre-rj.gov.br/.

  • Samuca declarou não possuir bens. É candidato de uma minoria aguerrida e ideológica. Apesar do discurso organizado em torno de anseios justos da comunidade por melhores condições de saúde e saneamento, não tem inserção na sociedade.

  • Dr. Roninho tem declarados R$ 1.129.473,71 em bens. Representa uma parcela importante da comunidade itaperunense. As questões da saúde despontam em suas propostas de governo. Goza de prestígio dentro de duas determinadas faixas sociais.

  • Paulada declarou à Receita não possuir bens, apenas R$ 90.000,00 em espécie. Em seu plano de governo se destaca a criação do parque industrial. O candidato tem bom apelo popular e, certamente, foi responsável por somar votos para a vitória do prefeito Claudão na última eleição.

  • Alfredão é sitiante que declarou R$ 340.000,00 ao “leão”. Pretende melhorar e ampliar o atendimento médico. Conseguiu reunir 10 partidos em sua base de apoio. Vem lançado por um grupo político com sólida inserção em parcela considerável do eleitorado.


Eu irei votar em um deles, certamente. Não escolherei com critérios do meu coração, mas da razão. É por isso que posso traçar a seguinte análise:
Não precisa ser especialista para saber que o Samuca tem chance de chegar ao patamar de mil votos (1,4%) para mais ou para menos.
As candidaturas de Dr. Roninho e de Paulada precisam ser olhadas de um ponto de vista da série histórica das eleições municipais em Itaperuna. Suas bases de apoio, mesmo distintas, fazem interseção num grande grupo de eleitores. Aliás, a soma de seus votos é o montante que levou a oposição a ganhar a última eleição – exatos 51,19% dos votos válidos num cenário com três candidaturas e 22,86% de abstenções, brancos e nulos. Conta fácil de fazer: 1,4 + 51,19 – 100= 47,41%, para os dois juntos.
O desafio do Alfredão é repetir os 44,40% dos votos que sua base política conquistou na eleição de 2008. Naquela ocasião – é bom que se diga – o candidato Elias Daruis era muito mais conhecido da população. Entretanto, bastam que 55% desses votos sejam fiéis para que, como se dizia antigamente, o candidato do PP passe no meio dos dois adversários.
Dizem que o brasileiro costuma votar com a paixão no primeiro turno e com a razão no segundo. É incrível, mas ainda há gente por aqui pensando que Itaperuna tem 2º turno. Ts ts ts.
Resumo da ópera: se Paulada não desistir e nem Dr. Roninho for impedido – a candidatura foi deferida com recurso – a eleição para prefeito de Itaperuna será decidida na lógica do jogo político. Isso se nossos eleitores não resolveram pregar uma peça neste dublê de analista eleitoral. Quem viver rirá, ou chorará.

Publicado na OFF em outubro/2012